Reserva Extrativista do Mandira
A porção paulista da região estuarino-lagunar em questão é fortemente influenciada pela bacia de drenagem do Rio Ribeira de Iguape e de outras dezenas de pequenas bacias costeiras. Grande parte de seu substrato é formada por sedimentos fluviais e marinhos que, juntamente com as oscilações das marés, são responsáveis pelos atuais contornos das ilhas, dunas, restingas, lagunas salobras e canais interiores que caracterizam a região. Ocorrem também ilhas de grande porte, como a Comprida, do Cardoso e de Cananéia, as quais formam uma barreira natural de proteção da região contra as turbulências marítimas e a ação dos ventos, resguardando o equilíbrio das águas salobras e dos sedimentos do fundo das lagunas e propiciando a ocorrência de extensas áreas de manguezal, entre elas a que compõe a Reserva Extrativista do Mandira. As extensas planícies costeiras são bordejadas pelos contrafortes da Serra do Mar, com altitudes acima de 300 metros, prenunciando serras que se desenvolvem para além da área costeira. Especificamente para a área da Reserva Extrativista do Mandira, registra-se a ocorrência de vasto manguezal, ladeado em sua face terrestre por estreita faixa de planície coberta por mata de restinga, por sua vez delimitada a oeste pelo sopé da Serra do Mandira ou Itapitangui.
Reserva Extrativista do Mandira |
Esfera Administrativa: Federal |
Estado: Sao Paulo |
Município: Cananéia (SP) |
Categoria: Reserva Extrativista |
Bioma: Mata Atlântica |
Área: 1.177,80 hectares |
Diploma legal de criação: Dec s/nº de 13 de dezembro de 2002 |
Coordenação regional / Vinculação: Região de Registro - RA 1(Vale do Ribeira) |
Contatos: TELEFONE: (13) 3821-4039
Fax: (13) 3822-3625 E-mail: valtency.silva@icmbio.gov.br |
Índice
Localização
A Reserva Extrativista do Mandira situa-se na região estuarino-lagunar de IguapeCananéia-Paranaguá, localizada na zona costeira limítrofe dos Estados de São Paulo e Paraná. Mais precisamente, a reserva está localizada na porção continental oeste do município de Cananéia-SP, distante aproximadamente 270 km. da capital do Estado de São Paulo e sua área, de 1.175 ha. (conforme decreto de criação de 13/12/2002), encontra-se entre as coordenadas geográficas 24º59’02’’.01 de latitude Sul e 48º03’34”.08 de longitude Oeste
Como chegar
O acesso à Reserva por via terrestre se dá a partir das rodovias BR - 116 (trecho São Paulo – Curitiba) e SP - 226 (Pariquera-Açu – Cananéia) e, na seqüência,por mais treze quilômetros pela estrada de rodagem estadual Itapitangui-Ariri. Por via aquática o acesso pode ser feito pela Baia do Trapandé, que separa a porção sudoeste da Ilha de Cananéia da área continental do município.
Ingressos
Onde ficar
Objetivos específicos da unidade
A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. A Reserva Extrativista do Mandira foi criada para atender a comunidade tradicional quilombola de tradiçoes caiçaras da região lagunar do Bairro Mandira em Cananéia-SP. Tal população migrou das atividades predominantemente extrativistas florestais e do sistema de cultivo agrícola tradicional denominado de roça ou coivara, para as atividades extrativistas estuarinas-lagunares, particularmente o extrativismo de ostras nativas. A principal atividade da comunidade tradicional é a extração, o manejo em estruturas de engorda e a comercialização de ostras, sendo as atividades de extração de caranguejo-uça, pesca e extrativismo de mariscos de fundo (de lama), secundárias.
Histórico
A Reserva Extrativista do Mandira foi criada em dezembro de 2002 com o objetivo de assegurar o uso sustentável e a conservação dos recursos naturais, protegendo os meios de vida e a cultura da população extrativista local. Apesar de o Decreto de sua criação ter sido publicado em 2002, a proposta de criação da Reserva remonta a 1989, ou seja, foram 12 anos para sua efetiva criação. Após a criação foram realizados estudos voltados à melhoria no manejo de ostras e caranguejos, criação e efetivação do Conselho Deliberativo da unidade, elaboração de Plano de Utilização, implementação de estruturas físicas no bairro Mandira, diversos cursos de capacitação, cadastramento dos usuários e beneficiários e início da regularização fundiária e Plano de Manejo. As discussões e estudos para elaboração do Plano de Manejo Participativo iniciaram-se em 2007, a partir da consolidação do Plano de Utilização e formação do Grupo de Trabalho para elaboração de Plano de Manejo. Em julho de 2008 o Grupo de Trabalho foi formalizado por meio da Ordem de Serviço 16/2008/DIUSP/ICMBio.
Atrações
Aspectos naturais
domínio mata atlântica e ecossistemas associados.95% de manguezais, e 5% de floresta de planície litorânea, restinga; Mata de restinga: vegetação de porte arbustivo, localizada em solos consolidados e ricos em matéria orgânica, em ambientes de maior umidade e menos salinidade, se caracteriza, na região estudada, por realizar a transição entre ambientes aquáticos ou intertidais e a floresta tropical Atlântica. Uma estreita faixa desta formação compõe a zona limítrofe terrestre da área da Reserva do Mandira.
Relevo e clima
A região onde está localizada a Reserva Extrativista do Mandira se caracteriza por apresentar os contrafortes da Serra do Mar significativamente recuados da linha de costa, distintamente do que ocorre para o restante da zona costeira do Estado de São Paulo. É formada por extensas planícies costeiras, em especial ao longo do baixo vale do rio Ribeira. A Serra do Itapitangui ou do Mandira, de aparência monolítica, apresenta expressivas áreas colúvio-aluvionares no seu entorno e condicionou o nível de base local da área de relevo rebaixado do alto Vale do Itapitangui. É banhada pelas águas salobras da Baía do Trapandé e pelas águas doces de diversos rios e riachos provenientes da serra, que alcança altitudes próximas a 400 metros. Dentre os rios e riachos que nascem na serra e os canais formados por entre o substrato do manguezal podem ser destacados o Mandira, das Minas, Itapitangui, Taquari, Cambupuçava.
As temperaturas podem variar de 10°C a 40°C, tendo média de 22°C e a pluviosidade é de 2000mm/ano.
Fauna e flora
Entre suas principais espécies vegetais constam a Calophyllum brasiliensis, Rheedia brasiliensis, Arecastrum romanzoffianum, Bactris setosa, Ilex thuzans, Dalbergia nigra, Eugenia myrtifolia, Ocotea aciphylla e Chrysophyllum brasiliensis. 95% da vegetação é de manguezal e as espécies Rizophora mangle (mangue vermelho ou mangue bravo), Laguncularia racemosa (mangue branco, mangue manso ou mangue siriúba), Avicennia shaeuriana (mangue preto) e Spartina alterniflora (grama ou capim de mangue). No manguezal e corpos d’água adjacentes da região, destacam-se os peixes Mugil spp (tainha, parati), Centropomus spp (robalo, robalão), Cynosciom spp (pescadas), Micropogonias furnieri (corvina), Scomberomorus maculatus (sororoca), Arius spp (bagres) e Dipterus rhombeus (carapeba), os crustáceos Litopenaeus schimitti (camarão branco), Farfantepenaeus. paulensis e Farfantepenaeus. brasiliensis(camarão rosa), Cardisoma guanhumi (guaiamum), Callinectes danae (siri azul), Ucides cordatus (caranguejo-uçá) e os moluscos, Mytella spp (mexilhão), Anomalocardia brasiliana (berbigão) e Crassostrea sp (ostras). Dado o alto grau de conservação do manguezal da região, também são encontrados o Caiman latirostris (jacaré do papo amarelo) e Lutra longicaudis (lontra).
Problemas e ameaças
Fontes
http://www.icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/mata-atlantica/unidades-de-conservacao-mata-atlantica/2230-resex-mandira http://sistemas.mma.gov.br/cnuc/index.php?ido=relatorioparametrizado.exibeRelatorio&relatorioPadrao=true&idUc=234 http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/imgs-unidades-coservacao/Plano%20Manejo%20Mandira%202010.pdf