Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde
A Área de Proteção Ambiental – APA da Lagoa Verde é uma Unidade de Conservação Municipal de Uso Sustentável do Rio Grande RS, formada por 510 hectares de terras públicas e privadas. A UC engloba a Lagoa Verde, Canal São Simão, Arroios Bolaxa e Senandes, bem como os ecossistemas costeiros de banhados, campos litorâneos, matas de restinga, paleodunas e marismas, além de atividades humanas compatíveis como agricultura familiar, pecuária extensiva e pesca artesanal. O Parque Urbano do Bolaxa faz parte da APA e está aberto para visitação.
Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde |
Esfera Administrativa: Municipal |
Estado: Rio Grande do Sul |
Município: Rio Grande |
Categoria: Área de Proteção Ambiental |
Bioma: Pampa |
Área: 510 hectares |
Diploma legal de criação: Lei Municipal nº 6084 de 22 de abril de 2005, Município de Rio Grande. |
Coordenação regional / Vinculação: Secretaria de Município do Meio Ambiente e Sustentabilidade - SMMA de Rio Grande |
Contatos: Telefone SMMA: (53) 3233-7275 / Conselho Gestor da APA: cgapalagoavrd@gmail.com / Agendamentos para visitação guiada de grupos: smma.agendamento@gmail.com |
Índice
Localização
A Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde (APALV) está localizada no Município do Rio Grande, no Estado do Rio Grande do Sul, e compreende a faixa de 200 m em torno da Lagoa Verde e 100 m em torno do Arroio Bolaxa, Arroio Senandes e Canal São Simão. A maior parte da APALV é formada por áreas privadas, tendo como áreas públicas o Parque Urbano do Bolaxa, localizado na ERS-734 e com acesso ao Arroio Bolaxa; e a Via Sete, com acesso à Lagoa Verde e ao Canal São Simão.
Como chegar
As áreas públicas da APA da Lagoa Verde são acessadas a partir da ERS-734 em direção ao Balneário Cassino. O Parque Urbano do Bolaxa é uma área própria para visitação e pode ser acessado pelo estacionamento da Escola Municipal de Educação Infantil Déborah Sayão, localizado às margens da ERS 734, próximo ao Balneário Cassino. A Via Sete, a qual é possível acessar a Lagoa Verde, está localizada ao lado da Estação de Tratamento de Água da CORSAN, no sentido Cassino-Rio Grande.
Ingressos
O acesso é gratuito tanto no Parque Urbano do Bolaxa como na Via Sete.
Onde ficar
Objetivos específicos da unidade
A Área de Proteção Ambiental da Lagoa Verde (APALV) é uma Unidade de Conservação de uso sustentável, onde a principal missão é harmonizar a preservação da natureza com a utilização responsável dos seus recursos naturais. Nesse contexto, a APALV estabelece na sua Lei de criação os objetivos: I- Proteger paisagens e belezas cênicas; II- Proteger recursos hídricos; III- Conservar a biodiversidade vegetal e animal da região; IV- Preservar os sistemas de marismas, banhados, arroios, matas e dunas interiores; V- Estimular o desenvolvimento sustentável; VI- Servir como zona tampão aos ambientes adjacentes; VII- Visitação orientada em contato com a natureza; VIII- Desenvolvimento de atividades de educação ambiental e pesquisa; IX- Maior conhecimento e divulgação do patrimônio natural, étnico e cultural do Município; X- Estabelecer uma ocupação humana controlada; XI - Inserção da área na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
Esses objetivos conjuntos refletem uma abordagem holística que visa não apenas à conservação da natureza, mas também à promoção do uso consciente e sustentável dos recursos naturais a longo prazo.
Histórico
O processo para a criação da APA da Lagoa Verde teve início em 1991, com o Projeto "Áreas de Interesse Ambiental da cidade do Rio Grande", realizado pelo Núcleo de Educação Ambiental (NEMA). Este projeto propôs, pela primeira vez, a criação da APA do Sistema Arroio Bolaxa e Lagoa Verde, contando com o apoio financeiro da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e da Prefeitura Municipal do Rio Grande. A partir de 1992, o NEMA começou a chamar a atenção para os impactos ambientais na área, realizando atividades de monitoramento da qualidade da água, destacando a necessidade de preservação do ecossistema.
Em 1995, um Programa de Educação Ambiental foi realizado pelo NEMA para compatibilizar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental da região. Nos anos seguintes, um projeto de caracterização ambiental foi conduzido com o apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), fornecendo dados importantes para a elaboração do Plano de Manejo. A proposta de criação da APALV foi discutida por representantes de diversos órgãos em 1996, ressaltando os impactos ambientais causados pelo uso inadequado do ecossistema. Em 1998, a proposta foi encaminhada ao Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (COMDEMA) para discussão.
A comunidade mostrou-se favorável à implantação da Unidade de Conservação, e em 1999, a criação da APA da Lagoa Verde foi aprovada pelo COMDEMA. A área de 3500 hectares da proposta original foi diminuída em um Projeto Alternativo de 510 hectares para facilitar a aprovação legislativa, mas com a possibilidade de expansão futura da área.
Finalmente, em 2005, foi aprovada a Lei Municipal n° 6.084, que oficializou a criação da APALV. Em 2011, o Decreto n° 11.110 criou o Parque Urbano do Bolaxa, área pública com cerca de 5 hectares, aberta à visitação e integrada à APA. Em 2016 foi formado o Conselho Gestor da UC, integrado por órgãos públicos e membros da sociedade civil. Em 2018, a APA da Lagoa Verde foi cadastrada no Sistema Estadual de Unidades de Conservação do Rio Grande do Sul.
O primeiro Plano de Manejo da APA foi editado em 2011 e sua revisão foi lançada em 2021, o qual seguem as discussões e esforços para a implementação de seus programas. A Secretaria de Município de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMMA) é a responsável pelo monitoramento e fiscalização periódica da APALV, e conta com apoio do ICMBio.
Atrações
A APALV oferece diversos serviços ambientais que a tornam um local único e valioso para a preservação da biodiversidade. Dentre eles, destacam-se:
- Possibilidades de Recreação Sustentável: a área pode ser explorada de maneira sustentável, proporcionando oportunidades para atividades ao ar livre, como observação de aves, caminhadas, atividades educativas e contato consciente com o ambiente natural. O Parque Urbano do Bolaxa é uma área pública própria para visitação;
- Educação Ambiental: Diversos projetos e programas de educação ambiental foram desenvolvidos ao longo do tempo, visando conscientizar a comunidade sobre a importância da preservação, promovendo um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental;
- Diversidade Biológica e Ambientes Naturais Preservados: a região abriga uma ampla biodiversidade, diferentes ecossistemas e paisagens com beleza cênica que contribuem para a qualidade de vida da região.
Aspectos naturais
Na APALV são encontrados diversos ecossistemas que formam a chamada Restinga Litorânea, tais como: arroios, banhados, dunas interiores, lagoa, matas de restinga e marismas. Representam áreas ainda conservadas na zona urbana de Rio Grande, desempenhando um papel crucial na manutenção da qualidade de vida do Município. A Lagoa Verde, também conhecida como Lagoa do Bolaxa, mantém comunicação direta com o Saco da Mangueira e Laguna dos Patos, recebendo influência marinha e de água salobra. Essa área é um criadouro natural para várias espécies de aves, peixes e crustáceos, incluindo o camarão-rosa, com interesse comercial.
Relevo e clima
O Rio Grande do Sul está localizado geograficamente entre as províncias biogeográficas Paranaense e Pampeana, com um pequeno contato com a província Atlântica. Segundo Cabrera & Willink (1980), a APA Lagoa Verde está na Província Pampeana, que faz parte do Domínio Chaqueño. Essa área, ao sul do estado, tem clima temperado-quente, com chuvas de 600 a 1.200 mm e temperaturas médias entre 13 e 17 ºC, predominando campos com gramíneas. A localização do Rio Grande do Sul como zona de transição entre essas províncias influencia as características da APA Lagoa Verde.
Fauna e flora
Flora: Diferentes comunidades vegetais variam de herbáceas a florestais. As áreas emersas da APA da Lagoa Verde apresentam campos litorâneos; bosques plantados de eucalipto (Eucalyptus) e pinheiros (Pinus); e matas de restinga com corticeiras (Erythrina), figueiras (Ficus), butiás (Butia), jerivás (Syagrus), araçás, guamirins, murtas e pitangueiras (família Myrtaceae). A Lagoa Verde, os Arroios Bolaxa e Senandes e os banhados do entorno apresentam uma flora aquática de espécies submersas e flutuantes, como água-pé (Eichhornia crassipes), alface-d’água (Pistia stratiotes), Azolla caroliniana, Cabomba caroliniana e Salvinia auriculata. Ao longo do Canal São Simão está presente a vegetação de marisma pela influência de água salobra do Saco da Mangueira e Laguna dos Patos, com herbáceas dos gêneros Spartina e Juncus.
Fauna: São frequentemente observados na APA da Lagoa Verde mamíferos como capivaras, lontras, gambás, preás e graxaims; e répteis como lagartos-teiús, cágados tigre-d’água e jacarés-de-papo-amarelo. A região é conhecida por uma avifauna diversa, com garças, cisnes, biguás, marrecas, colhereiros, socós e gaviões. Os corpos hídricos abrigam ictiofauna de água doce, como lambaris, traíras, jundiás, carás, tambicas e cascudas; e de água marinha/salobra, como corvinas, linguados, tainha; bem como os crustáceos siri-azul e camarão-rosa.
Problemas e ameaças
Os principais problemas atualmente são a caça, atropelamento da fauna nas rodovias de acesso, depredação nas áreas públicas de visitação, deposição irregular de lixo, ocupações e loteamentos irregulares, erosão das margens dos corpos hídricos e a poluição dos corpos hídricos.
Fontes
POLAR MEIO AMBIENTE. 2011. Plano de Manejo da APA da Lagoa Verde. 1. ed. Porto Alegre, RS.
TAGLIANI, P. R. A. (org.). 2021. Plano de Manejo da APA da Lagoa Verde. 2. ed. FURG. Rio Grande, RS.
NEMA. Descubra a Lagoa Verde: um passeio pelos Arroios Bolaxa, Senandes, Canal São Simão e arredores.
Texto: Isabelle Takenaka Quirino, Davi de Vasconcellos Machado, Paulo H. Mattos.
Fotos: Davi de Vasconcellos Machado, Christian da Silva Simões